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Feijoada de São Jorge – 11 anos de Fé, Cultura e Resistência Popular

  • Foto do escritor: jornaldoaxe
    jornaldoaxe
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

No coração da resistência cultural alagoana, pulsa há mais de uma década uma celebração que transcende a música, a fé e o sabor. A Feijoada de São Jorge, idealizada e realizada por Nadja Cabral, chega à sua 11ª edição, carregando consigo não apenas memórias e encontros, mas um legado forjado com lágrimas, superações e amor.

Tudo começou em abril de 2012, com um gesto simples, mas profundamente simbólico: um almoço de agradecimento. Após uma cirurgia delicada e comovida pelas doações de sangue feitas por amigos em outubro de 2011, Nadja resolveu retribuir. Era mês de São Jorge no calendário católico, mês de Ogum para os povos de axé. Trinta amigos foram convidados. Sessenta apareceram. A rua virou roda de samba e a fé virou festa. Assim nasceu uma tradição.


Hoje, essa mesma tradição carrega histórias de desafios, noites insones, lágrimas escondidas, batalhas vencidas e a certeza de que a força de um guerreiro não se mede pela ausência de dor, mas pela capacidade de seguir mesmo quando tudo parece ruir.

“A história não desliza como num rio calmo. Ela vem embolando, como uma montanha que desaba e traz pedras. Mas é nesse momento que eu lembro: eu não estou sozinha. Eu tenho meus guerreiros, e o meu escudo é a fé”, declara Nadja, com a força de quem sabe que Ogum, o orixá das estradas e batalhas, caminha à frente abrindo os caminhos.

Durante esses 11 anos, mesmo nos dois anos difíceis da pandemia, a Feijoada de São Jorge não parou. Resistiu com criatividade, se manteve viva nas redes sociais com vídeos, música e mensagens de fé. É mais do que um evento. É uma celebração de amizade, respeito, gratidão, ancestralidade e partilha.


Cada camisa vendida, cada samba tocado, cada porção de comida doada ao povo de rua, carrega o axé de uma mulher negra, filha de Ogum, que transformou sua dor em devoção. Os artistas participam voluntariamente, os patrocinadores ajudam comprando camisas, e cada centavo arrecadado é reinvestido no próprio evento, sem vaidade ou disputa, apenas com propósito.

“Não estou aqui para competir, nem provar que sou melhor. Fico feliz por hoje existirem outras feijoadas e sambas para São Jorge. Cada um com seu propósito. A minha nasceu do Amor.”

A Feijoada de São Jorge é um encontro que celebra o mês de Ogum como se deve: com fé, samba, partilha e ancestralidade. É um grito de resistência da mulher de axé, da cultura negra, dos terreiros, das ruas e da periferia.


Mais que um evento gastronômico ou musical, é um ato de fé coletiva, um tributo ao orixá guerreiro e a todos que, como Nadja, vencem suas batalhas com coragem, solidariedade e axé.


Salve São Jorge! Ogunhê! Att, Nadja Cabral. www.jornaldoaxe.com.br

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Denilson Pancadão
Denilson Pancadão
há um dia
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Salve São Jorge Guerreiro!!!

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